segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

I Hate you, but I Love too - Capítulo VII

Depois de lavar o rosto, voltou para a sala, meio avoada. Encontrou Ed recolhendo as embalagens de doces que impregnavam o lugar. Ela até poderia considerar a possibilidade de agradecer o amigo, se não fosse pela cerveja que o mesmo segurava.
- Mas que droga, Sheeran. Não poderia para de beber, ao menos hoje? – perguntou, irritada.
Ed a olhou um pouco assustado. “Sheeran” só era usado por Seunome quando estava muito zangada com o amigo.
- Ah...
- Me dá aqui essa droga! – disparou até o amigo arrancando a lata das mãos do amigo e correndo até o banheiro.
Mesmo brava ela ainda dava altas gargalhadas. O amigo ria, correndo atrás dela, tentando a todo custo que ela... Já era. Não havia mais como impedi-la. O conteúdo foi por água abaixo depois da descarga.
- Você me paga, sua baleia! – falou rindo, mas também um pouco bravo.
Teu um peteleco na testa de Ed e disse em seguida:
- Eu vou te pagar? Você vai cedo, chega tarde e ainda não recompensa a sua amiga?! Grande amigo você é, Sheeran. – cruzou os braços e o empurrou para o lado.
Ela parecia realmente zangada.
- Eu estou exausto! – foi a única desculpa que encontrou.
- Sabe a quanto tempo isso vem acontecendo? Quase quatro meses, seu filho da mãe! – estava indo em direção a geladeira.
- Você sabe que se pudesse passaria mais tempo com você! – falou, vendo que a amiga tinha se enfiado na geladeira procurando por alguma coisa.
- Palavras de um bêbado que coleciona cervejas. – achou o que queria. Fechou a porta da geladeira e voltou-se para o amigo, devorando outro Kit Kat.
O olhou fixamente, enrugando a testa, esperando que Ed dissesse alguma coisa.
Ed bufou.
- Vou te recompensar. Prometo. – falou com pesar.
- Ótimo.

- Nossa, acho que ela realmente estava brava, então cara. – Tom observou.
- Pois é, mas não é culpa minha. Sabe, esse é meu sonho, meu trabalho. Ela tem que entender isso. – defendeu-se, Ed.
- Mas você tem que considerar que por muito tempo vocês foram amigos próximos demais. Ainda são. Só estão um tanto distantes. Não tem como culpá-la totalmente. Ela deve estar se sentindo sozinha. – Tom retrucou, numa outra tentativa de explicar a situação em seu ponto de vista.
- Eu sei dude, mas ela já é grandinha. Ela devia sair, fazer amigos, arrumar um hobby... Melhor ainda: um namorado. - Ed disse, deixando transparecer em sua voz um leve tom de gozação.
Tom riu com isso, seu amigo estava fazendo tempestade em copo d’água.
Porém, Ed sabia que no fundo tinha razão. Seunome precisava mesmo de um namorado. Um companheiro.
- Bem, pense como quiser. - Tom disse, agora não rindo mais.
O silêncio se instalou no ambiente, tornando tudo calmo. No parque os pássaros cantavam, crianças brincavam e casais de namorados passeavam. O som do vento batendo nas folhas das árvores adentrava pelos ouvidos de Sheeran e o fazia se acalmar, por pelo menos um instante não pensou nos seus problemas.
Era uma tarde de Domingo; uma linda tarde de Domingo. Tardes como essas haviam se tornado raras na vida dos amigos. Momentos em que se reuniam em seu lugar favoritos. Um parque muito calmo, onde poucas pessoas freqüentavam.
Ed levantou os olhos e olhou a sua volta. Avistou Laura e Seunome, a alguns metros à frente agachadas perto de algumas flores. Ele não sabia dizer ao certo o que elas estavam fazendo, mas pareciam estar concentradas. Por um misero segundo Seunome virou sua cabeça para trás a procura de alguma coisa, seu olhar e o de Ed se cruzaram. O ruivo sorriu para ela amigavelmente, e ela - para sua surpresa -, retribuiu o sorriso, logo se voltando para as flores.
Ed sempre gostava de comparar a amiga a uma rosa. Uma rosa negra. Mas nunca lhe disse isso diretamente. Tal semelhança não era por acaso. Tinha todo um significado, de onde se podiam obter várias informações indiretamente.
(1) Ed sempre a achou bela e delicada. Daí surge o significado de compará-la a uma rosa. Desde o dia em que a conheceu pode ver como seu coração era bom, embora em dias atuais ela se comporte rebeldemente. Mas para isso também há um motivo. (2) A coloração negra a qual a descreveu como uma ‘Rosa Negra’ foi de não ser uma garota qualquer. Pode parecer uma garota comum, mas para Ed ela é diferente. Mas não sabe explicar exatamente o motivo. (3) Uma coisa importante, é que a rosa tem espinhos que se espalham pelo cabo. Estes espinhos, no caso de Seunome, é o ódio. Uma armadura que usa para se proteger das pessoas que sabe que irá machucá-la, mas deixarei maiores explicações mais adiante. (4) E por fim, o amor. A rosa é conhecida por ser uma demonstração de amor, afeto e carinho. Quando você entrega uma rosa à pessoa, não é simplesmente um presente, é uma forma de dizer que a ama. Por isso a rosa tornou-se uma flor tão conhecida e tão representativa no quesito amar. E Ed acredita que por trás dos espinhos de Seunome, há um amor grande capaz de quebrar qualquer barreira.

Ela é a Rosa Negra. O símbolo de amor ainda não revelado.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

I Hate you, but I Love too - Capítulo VI

- Caramba, aquilo foi muito engraçado - comentou Tom referindo-se a filme, enquanto ria.
- Foi mesmo. - concordou a loirinha.
Seunome se encontrava no banco de trás, fazendo um bico como um criança.
- Será que dá pra vocês dois conversarem sobre algo mais legal? - disse ela, mau-humorada - Tipo... O dia ensolarado, ou algo do tipo? - sugeriu.
- Haamm... - fez Lauren, pensativa. - Que tal conversarmos sobre aquele garoto? - tinha um sorriso provocador nos lábios.
- Não tenho nada pra falar. E se o assunto for sobre ele, podem voltar a falar do filme. - virou-se para olhar os carros pela janela.
Não havia mais tempo para conversar, pois já haviam chegado no condomínio.
- Não prefere que eu te deixe lá dentro? - perguntou Tom.
- Não, imagina. - falou Lauren, agradecida.
- Eu prefiro. - Seunome mantinha  olhar para a vista da janela.
- Cala a boca e desçe do carro - ordenou Lori à amiga.
- Tá bom, mamãe.
Seunome já havia descido do carro quando Lauren bateu no vidro da janela, para que Tom abrisse-a. Assim o fez.
- Obrigada pela carona, Tom. Foi muita gentileza. - agradeceu.
- Foi um prazer.
Seunome encontrava-se de costas para a cena, imitando os dois com uma voz afetada enquanto fazia careta.
- Eca. - falou baixinho para que somente ela escutasse.

- Seuapelido, quer sair comigo hoje à noite? - perguntou Lori, vendo que a amiga estava deprimida assistindo The Big Bang Theory.
- Não.
- Ah... Bem... Tem certeza de que não quer? Eu ia no McDonald's.
- Não, mas obrigada.
"Eu tentei" - Lauren escreveu à Ed.
"Tudo bem..." - respondeu.
"Ela tá assistindo TBBT" - comentou, Lori.
"Caramba, ela tá tão depressiva assim?"
"Tá."
"Acho que se eu não chegar cedo hoje alguém vai tocar fogo na casa!"
"Faça isso."
Lauren guardou o celular e, vendo que a amiga realmente não aceitaria o convite, despediu-se dela e caminhou até a porta. Antes deu mais uma olhada em Seunome, que tinha os olhos vidrados na tela da TV, prestando o máximo de atenção no programa. Sheldon fazia mais um comentário sarcástico, mas nenhum sorriso aparecia em seus lábios.
A loira suspirou, sabendo que seria melhor ir logo, aquela cena era perturbadora demais para que continuasse vendo.
Assim que ouviu o barulho do carro se afastar, Seunome pulou do sofá e foi até a geladeira. Sabia que não podia comer doces, pois havia prometido à quase uma semana que ficaria de regime, mas aquelas gostosuras infestando a geladeira era uma tentação tão grande que nem o mais forte poderia resistir. Pegou um punhado e levou para a sala, jogando-se no sofá e abrindo algumas embalagens.
- Enfim à sós. - falou para uma barra de Kit Kat.
Ela realmente atacou a geladeira naquela noite. Já fazia muito tempo em que não ficava sozinha em casa, sempre tinha um "ser" pra impedir a sua expedição na geladeira. Seuapelido estava comendo sua terceira barra de chocolate da Hershey's quando Ed chegou. Mas sua atenção estava tão fixa no chocolate que nem o percebeu.
- Parece que você não vive sem mim, né gorda? - falou naturalmente para a louca suja de chocolate.
O choque foi tanto que ao se levantar que enroscou o pé entre duas almofadas e caiu no chão.
- Tá chamando quem de gorda, seu bêbado? - falou com um sorriso maldoso nos lábios.
- Ai, doeu. - colocou a mão sobre o peito, como se seu coração estivesse realmente doendo.
- Tá precisando maneirar na cerveja.
- E você no chocolate! - o amigo riu, ajudando Seuapelido a se levantar.
Ed olhou na direção da TV, vendo que agora passava o seriado f.r.i.e.n.d.s.
- Achei que não gostasse desse seriado. - observou.
- E não gosto, mas qualquer coisa se torna boa com chocolate! - disse, animada.
Ed deu de ombros e por um tempo observou a amiga. A boca lambuzada de chocolate, não muito diferente de seus dedos. A barra ainda em mãos, comida até a metade. No chão, sofá, na mesinha de centro e até mesmo enroscados na roupa de Seunome, embalagens de doces.
- Me dá isso! - tomou o doce das mãos da garota - Já comeu o suficiente! - em seguida deu uma mordida no chocolate.
- Não é justo! - fechou a cara, fazendo birra novamente.
- E o que nesse mundo é justo? - sorriu - Vai lavar essa cara cagada. - riu do comentário, mas Seunome não teve a mesma reação, na verdade deu um soco no braço de Ed - Ai, que bruta!
- Sou mesmo, seu bêbado inútil - mostrou a língua para o amigo, que fez o mesmo.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Capítulo III - Dark Paradise

- Bom dia Seunome! - disse Helen, uma das garotas encarregadas da maquiagem.
- Bom dia - sorriu educadamente - Alguém para mim maquiar? - perguntou indo direto ao ponto.
- Deixei todos só para você - piscou, sapeca.
- Que bom, então vou trabalhar arduamente hoje? - perguntou uma Seunome, divertida.
- Pode ter certeza! - afirmou Helen rindo.
Por um momento riram, até que Helen parou, sorrindo, e disse:
- Os materiais estão todos lá. - disse ela, abrindo a porta para que a garota entrasse na sala improvisada, próxima da praia onde aconteceria a filmagem.
-Tudo bem, obrigada.
Seunome entrou um pouco cabisbaixa, olhando para seus pés enquanto caminhava até um dos garotos já posicionados para que a maquiagem fosse feita. Aquilo era ótimo, pouparia seu tempo.
- Você é quem vai me deixar sexy? - perguntou uma voz grossa, vinda do garoto sentado em frente ao espelho, pronto para ser maquiado.
- Bem... - acanhou-se.
O garoto a sua frente tinha uma aparência de um homem adulto. Era careca e tinha lábios grossos, e um sorriso um tanto provocador.
- Ah, cale a boca Max, está deixando a garota sem graça - disse um outro integrante da banda.
Este outro tinha cabelos cacheados, olhos azuis e uma expressão sapeca no rosto. Seunome olhou para este, que piscou.
- Qual é o seu nome? - perguntou o lindo garoto de cabelos cacheados.
- Seunome. - respondeu simplesmente. Tinha as bochechas completamente coradas.
- Conheço você de algum lugar... - disse pensativo.
- Ela é a vizinha do Nathan, seu lerdo. - disso Max, como se fosse óbvio.
- Ah...! É mesmo? - perguntou ainda duvidoso.
- Depois eu que sou lerdo - Max revirou os olhos.
Seunome riu com aquilo.
- Que tal começarmos? - sugeriu Seunome.
- Ah, claro. Me deixe bem sexy .
Ela riu novamente.
Durante o tempo em que passava maquiagem, ouvia os garotos conversarem entre si, rindo quando alguns dos comentários eram estranhos e engraçados para ela. Aquilo era novidade para ela. Mesmo sendo seu primeiro trabalho com eles, os achou muito legais e simpáticos, e não era muito comum ela simpatizar-se tão rapidamente com alguém; levando em consideração que ela é muito tímida quando perto de pessoas estranhas. Principalmente celebridades; mas gostava mesmo assim.
- Ótimo, Max. Terminei. - falou colocando os materiais em mãos em cima do mármore. - Espero que goste do que vê.
- Bom, eu já sabia que era impossível ficar mais sexy, então, de qualquer forma, obrigada. - o garoto piscou para Seunome, que corou.
Logo depois que Max levantou-se dacadeira giratória e saiu da sala, já pronto, Seunome inclinou a cabeça até Jay e disse:
- Isso foi um elogio? - perguntou com um sorriso amarelo.
- Vindo de Max, não sei dizer. Talvez ele esteja apenas te dando uma cantada. - disse enquanto se sentava na cadeira antes ocupada por Max.
- Acho que não é isso - disse ela rindo, acompanhada por Jay.
- Bom, eu não sou tão sexy quanto Max... - dizia divertido - Mas não me importaria se me deixasse tão sexy quanto ele. - riu mais uma vez.
- Tudo bem. Posso fazer o possível - falou a garota, fingindo pensar no assunto.
- O possível e o IMPOSSÍVEL - deu ênfase na última palavra, com um sorriso contagiante nos lábios.
Riram mais uma vez.
A maquiagem desta vez foi menos demorada, e um outro garoto já estava aguardando.
- Este é Siva. Mas se preferir, pode chamá-lo de Seev - Jay apresentou.
Seunome o olhou com atenção. Ele era moreno e alto. Bem alto. Seu cabelo era muito bem arrumado em um topete. Ele também se vestia muito bem, e tinha um sorriso muito bonito.
- Prazer... - disse Siva estendendo-lhe a mão.
- Seunome. O prazer é meu - disse Seunome, esboçando um sorriso envergonhado. - Bom, pode se sentar.
- Obrigada - disse ele com seu sorriso sedutor.
Seunome começou a fazer seu trabalho. O garoto era bem compreensivo, e não esboçava expressão alguma enquanto o maquiava.
- Você já fez isso antes? - perguntou Seunome.
- Isso o que? - perguntou sem abrir os olhos.
- Sabe... Passar maquiagem. - explicou.
- Ah, já. Eu fui modelo. - falou agora com um sorriso.
- Ah!
Não demorou muito até que o silêncio que se seguiu fosse quebrado:
-Pronto. - disse por fim.
- Que rápido. - comentou, satisfeito.
- Pode avisar a algum dos últimos integrantes que estou a espera? - questionou.
- Claro.
Seunome se sentou na cadeira giratória por um momento, sentido sono. Fechou os olhos, desejando dormir, mesmo que por um breve momento. Encostou a cabeça e ajeitou-se em uma posição confortável. Sua visão ficou escura e sentiu-se fora da realidade. Apenas voltou para essa quando sentiu alguém tocar-lhe no ombro. Despertou assutada e ergueu os olhos, vendo a sua frente um garoto magro e de cabelos negros.
- Você é...?
- Tom. - disse olhando para a garota de aparência cansada a sua frente.
- Ah! Pois então pode se sentar, Tom. - falou a garota, levantando apressada ao perceber que ele viera para ser maquiado.
O garoto agora sorria para Seunome, pois achou engraçado vê-la dormir.
- Acha engraçado? - perguntou Seunome, divertida.
- Um pouco. - confessou Tom.
- Tudo bem. Não o culpo. - disse a garota, agora rindo de si mesma.
A conversa que se seguiu com o integrante chamado Tom, não foi diferente das que teve com Max e Jay. Todas com comentários divertidíssimos, acompanhados de cada vez mais risos. Tom tinha um jeito muito engraçado ao criticar o mundo a sua volta, e Seunome  achava muito divertido.
- Terminou? - perguntou ele agitado.
- Sim. Pode chamar o próximo, por favor? - perguntou Seunome, sendo gentil.
- Mas é claro! - respondeu Tom, retirando-se logo em seguida.
Só então Seunome percebeu que era a única na sala improvisada. Era a última de todas as funções. Bocejou, ainda com sono e se sentou na cadeira, desta vez se repousar a cabeça ou fechar os olhos sem que fosse apenas para piscar.
O último entrou pouco depois. Tinha um sorriso contagiante no rosto e parecia muto animado.
- Bom dia! - cumprimentou ele, sorrindo.
- Boa dia... - disse uma Seunome envergonhada com tamanho humor que este apresentava. Diferente do dela.
- Como é?! Pode me deixar tão delicioso quanto os outros? - disse ele, parando no meio do caminho para falar e gesticular com as mãos.
- Ah... Faço o possível. - disse ela, tentando entrar no clima.
- Ah, qual é?! Não sou tão feio assim, sou? - disse, sério.
- D-desc...
- Brincadeira! - interrompeu-a, vendo que Seunome levara o último comentário muito à sério - Não me leve tão a sério - falou mudando de humor.
Nathan se sentou na cadeira, a qual foi desocupada quando este entrou.
- Bom, mãos à obra - disse Seunome.
- Mãos à obra. - repetiu Nathan.
Seunome pegou os materiais necessário e iniciou o trabalho. Nathan não falou muito, parecia relaxar aos movimentos cautelosos de Seunome em que a os materiais escorregavam por sua pele. Seunome esticou-se e apanhou um pincel grosso, ao voltar sua atenção para o rosto quase finalizado do garoto, percebeu que ele a olhava atentamente. Não falou nada, apenas iniciou seus movimentos circulares com o pincel no rosto de Nathan, que não ousar fechar os olhos.
- Porque tanto me olha? - perguntou ela, sem tirar os olhos do pincel, mas mesmo assim sentindo o peso dos olhos do garoto em si.
Seunome parou o que fazia, pois já tinha finalizado. Por um movimento de erguer os olhos para se virar e recolocar o pincel de volta no lugar, olhou nos olhos dele.
- Não sei... - murmurou ele mais para si do que para ela.
Os dois se olharam por alguns segundos, até que alguém bateu na porta, desviando a atenção dos dois.
A porta foi aberta, revelando o diretor. Ele estava ridiculamente estranho com aqueles óculos de sol, pelo menos foi o que Seunome pensou.
- Bom dia Seunome. Nathan já está liberado? - perguntou educadamente.
- Está sim, Simon.
- Ótimo. - disse satisfeito - Vamos lá. - chamou o garoto, que já se colocara de pé, e estava caminhando até o diretor, mas, antes de sair, deu uma olhada discreta em Seunome, que sorriu.
A porta foi fechada, e Seunome desabou em um pufe próximo.
- Que sono... - murmurou.
Seunome já começava a fechar os olhos lentamente quando a porta abriu-se violentamente.
- Tá na hora da gravação! Levante daí, Seunome! - gritou uma voz feminina que Seunome reconheceu como sendo a de Sam.
- Me deixe dormir... - resmungou.
- Não! Levante agora! - ordenou, rabugenta.
- Ããhh... - gemeu.
- Vamos, eu te ajudo. - disse a Sam, agarrando o braço da garota resmungona e a puxando involuntariamente, fazendo com que ficasse de pé.
Seunome ajeitou-se.
- O que ficou fazendo noite passada? - perguntou Sam, intrigada.
- Simplesmente não consegui dormir. - explicou enquanto arrumava o cabelo.
- Bom, isso não importa agora. Temos que ir.
Seunome assentiu.

domingo, 30 de novembro de 2014

Capitulo II: A primeira impressão.

Loucos e Indesejáveis

Capitulo II: A primeira impressão.


Era uma manhã comum como todas as outras. Uma manhã de terça-feira. Seunome gostaria de ter acordado de uma forma corriqueira, mas sua maneira não foi a melhor de todas. Acordou ao ouvir seu celular tocar e em um disparo acabou pegando-o e tacando pela janela.
- Droga mais um. - Seunome murmurou após realmente acordar.
Sentiu o gosto que se passava em sua boca, era gosto de sono e iogurte. Por que tomou aquele iogurte antes de dormir?
Se levantou e andou descalça até seu banheiro, no caminho sentiu algo cutucar seu pé seguido de uma dor latejante, mínima, mas incomoda. Ao passar a mão nele sentiu algo pontudo e puxou. Era um dos caquinhos do espelho que ela havia quebrado “acidentalmente”. Um pouco de sangue saiu do corte, nada com que tivesse que se preocupar.
Ela se despiu e após isso se arrepiou ao sentir o vento frio da manhã entrar pela sua janela.
Entrou na banheira e tomou um banho rápido. Após se arrumar, sem ter o auxílio do espelho, já que fora proibida, ela desceu as escadas.
No caminho até a cozinha viu seu antigo piano tampado por um pano, aquele piano lhe trazia más lembranças.
Ao chegar a cozinha notou como os empregados estavam agitados, porém apenas pegou sua tigela e colou seu cereal e leite, ignorando todo o café recém-preparado para ela, ela odiava comer coisas requentadas.
Após isso se sentou e os viu andar para lá e para cá com bandejas e produtos de limpeza.
- Sarah, o que esta acontecendo? - Seunome perguntou com a boca cheia.
- Você não me escuta mesmo, né criatura?! Seu irmão Darwin tá voltando da Inglaterra. - Sarah respondeu, impaciente.
- Ah. - Seunome disse sem emoção.
Por um tempo observou Sarah, ela era uma mulher magra. Sua pele era branca e tinha olhos castanhos. Não era muito alta e nem muito nova. Mantinha sempre no rosto uma expressão de seriedade.
- Aliás, seu psicólogo ligou. Hoje é dia de seção e é para você ir na delegacia também. - Sarah disse tirando Seunome de seus devaneios.
- Ok, parece que eu vou ver o delegado, DE NOVO! - Seunome respondeu sínica.
- Se controle desta vez, não pode mas ir para a prisão, lembra? - Sarah disse repreendendo Seunome.
-Para deixar claro, da última vez não foi culpa minha. - Seunome disse com um sorriso irônico.
- Não, claro que não. Aquele álcool e os fósforos saíram andando do supermercado sozinhos porque estavam cansados de ficar nas prateleiras e depois resolveram que seu bolso era um lugar divertido para se ficar. - Sarah disse com o mesmo sorriso que ela.
- É obvio que foi isso, por que eu roubaria álcool e fósforos? - Seunome disse tentando parecer curiosa.
- Não sei, me diga você sua delinquente juvenil. - Sarah disse e então saiu da cozinha.
Seunome revirou os olhos e terminou de comer seu cereal. Notara que naquela manhã havia falado muito mais do que estava acostumada, mas isso quase sempre acontecia quando ela falava com Sarah. Era divertido desafiá-la.
Após isso se levantou e chamou Charlie para que pudesse partir. Charlie era seu chofer, mas ela odiava que fizessem coisas por ela então resolveu que iriam de metrô.
- Esta pensando que vai aonde sozi... - Sarah começou a dizer mas se alto-interrompeu e depois disse – Ah, esta levando Charlie. Vai de carro?
- Não. - Ela respondeu seca e se foi.
Desde que havia saído do hospício, Seunome estava proibida de sair na rua sozinha, sempre deveria levar alguém, mesmo que já fosse maior de idade.
No caminho o silêncio os acompanhou. Seunome pensava em como seria a vida dela depois daquele dia. Não porque fosse lhe acontecer algo de interessante mas sim porque ela sabia, a cada novo dia estamos sujeitos a mudanças e surpresas, em um único dia sua vida pode mudar por inteiro.
Ao chegar na delegacia, Seunome sorriu. Só havia mais uma pessoa no mundo que ela gostava de desafiar e esta pessoa estava dentro da delegacia. Ao passar pela porta pode ouvir uma discussão vindo mais de dentro.
- Delegado, eu já disse, eu não fiz nada de errado. - Seunome ouviu uma voz masculina dizer.
Ela se posicionou atrás dá porta para que pudesse escutar a discussão e fez um sinal para que Charlie ficasse calado.
- Não, não. Apenas estacionou em local proibido. DE NOVO! - delegado Harris disse irônico.
- Ah, pelo amor de Deus, eu só estacionei em local proibido. Me de uma multa, mas não tire meu carro nem não me prenda. - o autor da voz masculina respondeu, estressado.
- Não vou, se você pagar sua fiança, é claro. Esta já é a décima multa que recebe e ainda não pagou nenhuma.
- E quanto tenho que pagar?
- 2 mil dólares.
- 2 o que?
- É isso ou cadeia, ou se preferir serviço, comunitário. Junto com os delinquentes juvenis.
- Delinquentes juvenis como eu senhor delegado? - Seunome disse agora, saindo de trás da porta e interrompendo a discussão.
- Estava ouvindo a conversa Senhorita Allen? - o delegado Harris disse arqueando a sobrancelha.
- Não responda minha pergunta com outra pergunta. - Seunome retrucou enquanto mexia nos pertences de um dos oficiais.
- Esta bem Senhorita Allen, mas pare de mexer na mesa do oficial Carter.
- Como quiser amor. - Seunome disse irônica e mandou um beijo e uma piscadinha ao delegado.
- Pare com isso vadia, sou casado. Ele disse levantando sua mão e mostrando sua aliança.
- Ei, eu ainda estou aqui. O rapaz que até então estava calado disse com uma cara confusa.
- Eu sei, por que não foi embora ainda? - Delegado Harris perguntou.
- Porque ainda não resolvemos isso.
Então delgado Harris e o rapaz desconhecido por Seunome começaram novamente uma discussão, a qual ela já sabia o resultado. Enquanto discutiam, Seunome observava o garoto. Como ele desafiava o oficial da lei aparentemente sem medo mas ela podia sentir, ele estava com medo.
Seunome possuía um tipo de sexto sentido, sempre sabia quando as pessoas estavam ou não com medo, por este mesmo motivo ficava extremamente irritada quando não admitiam ter medo dela. Era sempre assim, ou as pessoas teriam medo dela e não admitiriam ou usariam esse medo e a tratariam como lixo.
A certa altura ela estava cansada daquela discussão, se levantou e foi até eles e então disse:
- Rapazes, acho que já chega por hoje. Escuta moço - Ela chamou o rapaz desconhecido e continuou - Vá ao banco saque o dinheiro ou faça serviço comunitário, não é tão ruim assim. - Seunome fez uma pausa olhou para o delegado Harris, então disse - E você não tem que discutir com ele. É delegado.
- Ela tem razão, decida-se Senhor Hutcherson. Delegado Harris disse.
- Tá bem, eu vou pagar essa droga. Mas espere eu ir no banco.
- Vá logo.
Assim o rapaz saiu e ficaram Seunome, o delegado Harris, Charlie e o oficial Carter. Seunome esperou calada enquanto o delegado mexia em uma das gavetas de sua mesa. Ela começara a ficar sem paciência a essa altura. Ah, como ela queria um bolo, ou quem sabe seu namorado.
- Bem, aqui está. - o delegado disse lhe entregando um papel.
Ela apenas observou o papel e piscou algumas vezes em resposta.
- Isto minha cara é a carta que declara que este é seu ultimo dia de serviço comunitário.
- Esta falando sério? - Seunome disse um tanto surpresa.
- É claro que estou, parece que estou brincando?
- Com essa sua cara gorda e esse bigode branco me faz lembrar o papai Noel, então sim, sempre parece que esta brincando. - respondeu ironicamente.
- Cale a boca, sua inútil. Delegado Harris respondeu bravo e depois continuou - Bem, você só tem mais hoje e depois finalmente vou me ver livre de você.
- Considere como seu dia de sorte. - Seunome respondeu séria.
- Eu só te peço um favor...: não arrume encrenca. Não quero ver você aqui de novo.
Seunome respirou fundo, segurou-se, então caminhou para mais perto dele e lhe disse seriamente:
- Delegado Harris, depois de me conhecer a tanto tempo deveria saber que o único favor que eu faço a seres humanos como o senhor é dividir meu oxigênio.
Por um minuto o homem a sua frente ficou pálido. Seunome sorriu vitoriosa, andou até um banco que havia na delegacia e esperou que os papéis fossem assinados.
Depois de certo tempo tudo estava pronto. Seunome naquele dia teria de limpar o parque. Nada de especial. Foram seis meses, de serviço comunitário, 8 horas por dia. Todo santo dia. Hoje era o último deles, mas Seunome não se sentia feliz ou animada por isso, aquilo não fazia a mínima diferença na sua vida. Já havia limpado muitos parques, pichações. Havia ido a creches, servido sopa, ido a igrejas e asilos. Mas nada daquilo a afetava, nem de forma boa ou ruim.
Seunome laçou um último olhar gélido ao delegado Harris e caminhou até o carro da polícia, onde o oficial Carter a levaria para seu destino.
Chegando lá avistou uma mulher vestida com o uniforme da polícia, e um cara excêntrico algemado ao lado dela. Quando se cumprimentaram a mulher soltou o homem excêntrico.
- Ruivinha cuide do lado norte do parque e você, maluco, cuide do lado sul. - a mulher uniformizada disse sem hesitação.
Seunome apenas pegou seu equipamento de limpeza e foi-se. Seu equipamento era composto por um colete, um saco de plástico e um tipo de bastão com um ferro afiado na ponta, usado para espetar o lixo. Ela não sabia o nome daquilo.
Por horas ela simplesmente ficou a limpar calada, e começou a sentir uma fome imensa a certo ponto, mas teria que limpar aquele parque primeiro. De repente ouviu uma voz masculina dizer:
- Você conhece o delegado Harris?
Quando se virou era o homem excêntrico. Seunome apenas acenou com a cabeça como resposta.
- Ele é bonito, não?! - o mesmo homem comento.
- Acho que sim, depende muito do gosto. - respondeu estranhando a pergunta.
- Está dizendo que ele não é bonito?
- Claro que não, ele é o cara mais delícia que eu já conheci. - Seunome disse sarcástica.
- Não fala assim do meu homem. - o excêntrico retrucou.
- Seu homem? Uau, boa sorte para você então, “querida”, pois ele já é casado.
- NÃO É, NÃO! - O homem a sua frente gritou e então deu um tapa no rosto de Seunome.
Agora ela havia entendido, provavelmente o cidadão a sua frente tinha algum problema mental, assim como ela. Mas por algum motivo sua raiva começou a lhe subir, mas era o último dia ela tinha de se acalmar.
- Ok. Ele é seu, fique com ele e volte ao trabalho. - disse, tentando se conter.
Seunome se virou e começou a andar, de repente sentiu um empurrão e caiu de cara no chão.
- Você esta com o cheiro dele, sua vadia. Andou pegando ele, não foi? - o homem disse de novo.
Seunome se virou - ainda tentando conter sua raiva -, levantou e caminhou até o homem, se preparou para dizer alguma coisa, porém foi interrompida. Sentiu uma enorme fincada no pé, o que lhe proporcionou muita dor e teve vontade de gritar, mas o homem a sua frente tampou-lhe a boca, ao olhar para o próprio pé percebera que o cara a sua frente havia espetado seu utensílio de limpeza no pé dela. O sangue escorria e ela sentia dor. A vontade de gritar foi ainda maior, mas não ousou soltar um ruído. Tudo que fez foi arrancar do seu pé o instrumento afiado e dizer:
- Já que você quer brigar meu rapaz, vamos brigar.
Após isso colocou em seu rosto um enorme sorriso, levantou o instrumento afiado em direção ao cidadão e começou a caminhar lentamente atrás dele. Este mesmo passou a gritar e em certo momento se escondeu.
Era o fim. Ela havia perdido seu controle e paciência. De alguma forma ela tentou se controlar, mas era tarde de mais para isso, tudo que ela pensava naquele momento era em ver aquela coisa enfiada no pescoço do louco.
- Onde você está? Por que está com medo de mim? Eu só quero conversar com você. - Seunome disse, procurando pelo homem em meio as poucas árvores do parque.
De repente ouviu um grito se virou e viu que alguém havia pulado em cima dela, dando-lhe alguns golpes. Seunome começara a revidar, mas em um deslize o agressor colocou suas mãos em volta do pescoço dela e começou a sufocá-la.
Ela tentou gritar.
Tentou revidar.
Mas não conseguia.
Ao contrário do que muitas pessoas dizem, ela não viu sua vida inteira passar diante dos seus olhos, só viu uma cena. Em poucos minutos sentiu que não lhe restava mais ar. Sentiu tontura, e então em um piscar de olhos tudo acabou.
~* ~* ~ *~ *~
 Flashback mode on :
Coloquei meu melhor vestido. Era a primeira vez que tocaria para minha mãe depois de muitas aulas de piano. Cinco aulas para ser mais exata, mas já havia aprendido muitas coisas.
Era um vestido rodado, com mangas curtas, dessas meio cheinhas. Era amarelo. Amarelo sempre fora minha cor favorita, me lembrava a o Sol, e este me lembrava que sempre haveria um novo dia, talvez melhor ou talvez não.
Sarah olhou para mim com um grande sorriso e disse:
- Esta linda, minha bonequinha.
- Estou mesmo?  - perguntei, um tanto preocupada.
- Se estivesse mais seria perigoso.
Sorri em resposta, e olhei para meus cabelos. Agora eram tranças, duas tranças.
- Acha que vou conseguir tocar direito? - perguntei ainda preocupada.
- Claro que vai, querida. - passou a mão em uma das minhas tranças - Você treinou muito para isso; acho que está preparada. E além disso, sua mãe veio mais cedo hoje só para lhe ouvir tocar.
- Eu sei. - respondi quase que em um sussurro.
Sarah terminou de me arrumar e saiu do quarto, me mandou esperar. Caminhei até a janela e avistei uma casa amarela, por coincidência , senti um enorme vazio ao observá-la. De quem era aquela casa?
- Queria que você estivesse aqui. - sussurrei.
Minutos depois eu não estava mais no meu quarto, onde estava? Ah sim, era a sala onde ficava o piano. Caminhei até o piano e lá estava minha mãe, sentada na poltrona ao lado do mesmo.
- Bonne journée Mlle. Eu disse a minha mãe, que apenas respondeu com um aceno, depois continuei - Hoje vou tocar uma música especial para você.
A música que tocaria para ela eu havia ouvido em um filme, “A noiva Cadáver”, aprendi a tocá-la e queria muito tocá-la para minha mãe.
Me sentei e comecei a tocar. Por um tempo até me diverti com a música, e ela me envolvia, podia senti-la. Mas depois de um tempo notei que minha mãe estava chorando.
Chorando sozinha.
Calada em seu canto.
Parei de tocar e caminhei até ela, me ajoelhei e disse:
- Mamãe, tá tudo bem?
- Sim... Volte a tocar, querida. - disse em meio as lágrimas.
- Você não quer...
- Já disse que estou bem, volte a tocar Seunome. - ela respondeu um pouco enfurecida.
Voltei ao piano, mas não consegui me concentrar novamente. Apenas fiquei sentada, esperando ela parar de chorar. De repente senti alguma coisa bater na minha cabeça.
- Eu falei para voltar a tocar. AGORA! - minha mãe disse, olhei para o chão e vi que um de seus sapatos estava lá.
Ela havia jogado o sapato em mim.
Voltei a tocar imediatamente, mas por que ela estava chorando?
Eu não sabia, mas não queria vê-la assim.
Flashback mode off.
Seunome acordou suada. Era tudo um sonho. Mas não era apenas um sonho, era uma lembrança em forma de sonho. Olhou a sua volta e notou que estava em seu quarto, mas não se lembrava de como fora parar lá.
Sentiu que seu pé estava doendo, e resolveu olhar. Lá estava ele, todo enfaixado. Então ela se lembrou da briga e tirou suas próprias conclusões sobre o resultado.
- Maldito. - Seunome sussurrou para si mesma.
Sentiu um cheiro bom caminhar até seu quarto, parecia o cheiro do bolo de biscoitos de Sarah. Ouviu seu estômago roncar, não havia comido ainda. Olhou no relógio e eram cerca de 4:27 da tarde, ela havia ficado bastante tempo inconsciente.
Se levantou com muita dificuldade da cama e caminhou para fora do quarto. Ouviu algumas vozes vindo lá de baixo e resolveu descer, mas a escada seria um desafio. Com apenas um pé  seria difícil, mas ela tinha que conseguir. Estava com fome e havia bolo na casa. Ela tinha que conseguir.
Desceu cada degrau com muita dificuldade e, ao final da descida, sentiu seu pé latejar. Caminhou até a sala de visitas, de onde vinham as vozes. Estacionou na porta e esperou que notassem sua presença, o que não demorou muito.
Na sala estavam seu psicólogo, um rapaz que ela não sabia quem era, delegado Harris e o “Maldito”. Sarah aparecera minutos depois com uma bandeja na mão.
- Finalmente acordou. - Senhor Lee - o psicólogo - disse.
Todos olharam em direção a porta. Seunome não manifestou nenhuma emoção ou reação, apenas esperou.
- Sente-se aqui, Seunome, precisamos conversar. - Sarah disse apontando-lhe uma cadeira.
Seunome caminhou até a cadeira, calada, sentou-se e esperou. Sarah lhe serviu chá e então a “reunião” começou.
- Senhorita Allen, se lembra do que aconteceu?  - O delegado interrogou-a, mantendo o tom de voz calmo.
- Sim. - Ela respondeu rapidamente.
- E o que aconteceu? - Sarah perguntou curiosa.
- Eu nasci. - Seunome respondeu sarcasticamente, embora parecesse séria.
- Fale sério criatura, isso não é nenhuma brincadeira. - Sarah falou, brava.
- Sei que não é, se fosse estaria me divertindo. - Seunome retrucou, secamente.
- Pode por favor dizer do que se lembra? - Senhor Lee perguntou, calmamente, assim como o delegado.
Seunome acenou com a cabeça e contou os fatos de maneira resumida. Depois de um tempo todos pareciam chacoalhar a cabeça e então o delegado disse:
- Está bem, desta você se livrou. Sua história bate com a desse cara - Delegado disse apontando para o desconhecido - E bate mais ou menos com a desse. Sabe, se não fosse pelo Josh, você estaria morta. Não pode mexer com quem tem transtorno de bipolaridade. - Delegado Harris completou.
- Ok. Obrigado, Josh. E... delegado; se eu não posso mexer com pessoas com transtorno de bipolaridade, por que estas pessoas tem o direito de mexer comigo? - Seunome perguntou intrigada.
Com essa pergunta o rapaz desconhecido esboçou um leve sorriso no rosto, discretamente.
- Não tem, mas ninguém se importa se elas mexem com você, querida. Bom, de qualquer jeito, ele não vai fazer queixa contra você e você não fará contra ele. - bateu uma mão contra outra, como se isso desse o fim no problema e disse: - vou embora e espero que não tenha que te ver mais, Senhorita Allen. Seu serviço acabou.
Seunome apenas ficou em silêncio. Assim, o delagado Harris e o “Maldito” partiram, sem mais nem menos. Mas o tempo todo Seunome pensava "para que estão aqui?"
- Bem, Seunome, espero que esteja satisfeita. Tem um furo enorme no pé agora. - Sarah disse, ainda brava.
- Claro que estou, adoro cicatrizes. Sinto como se tivesse estado em uma guerra. - Seunome disse se esticando para alcançar o bule de chá.
- Olha, quer saber?! Vou fazer bolo. Cavalheiros, fiquem à vontade. - Sarah disse enquanto se retirava do ambiente.
Por um tempo tomaram chá em silêncio até o senhor Lee dizer:
- Seunome, vim aqui para fazer a seção de terapia por aqui mesmo, mas antes eu gostaria de saber se posso ir no banco e voltar daqui a pouco.
- Ninguém está te segurando. - Seunome respondeu com naturalidade.
O homem acenou com a cabeça, levantou-se e se foi, Ficando assim Seunome e o desconhecido na sala. Ele parecia um garotinho assustado, Seunome gostava disso.
- Te conheço? - Seunome perguntou.
- Sou o cara da delegacia. - Ele respondeu rapidamente.
- Ah, sim. - ela disse já recordando-se do rapaz. Depois prosseguiu - Como me salvou?
- Bem, não diria "salvar", eu apenas estava por perto. Vi ele te estrangulando e tirei ele de cima de você.
- Se isso não é salvar então não sei o que é. Mas seria bom demais para sociedade se me deixa-se morrer. Eles não merecem isso, então, obrigada.
- Acho que não. Você não deve ser um fardo total para as pessoas.
- Na verdade sou, sim. Me dizem isso o tempo todo.
- Só porque dizem não quer dizer que seja verdade. - Josh rebateu, dando mais uma golada no chá, fazendo com que Seunome tivesse a famosa sensação de dejavú.
- Acho que começamos errado. Meu nome é Seunome Allen e o seu é...?
- Josh. Josh Hutcherson.
- Interessante.

Depois de tal comentário, um silêncio constrangedor voltou a aparecer no ambiente. Ela o conhecia de algum lugar. Mas de onde?

sábado, 22 de novembro de 2014

I Hate you, but I love too - Capítulo V

- Ei! Vocês aí! - gritou alguém, que parecia estar atrás da luz.
Rupert tinha as mãos sobre os olhos, que estavam apertados e fazia uma careta engraçada, como se tivesse chupado um limão.
O homem que segurava a lanterna agora a abaixara.
- Vou convocá-los a se retirar. - disse em tom educado, porém com severidade.
- Mas eu não fiz nada! - gritou Rupert - Foi ela! - disse apontando para Seunome, ainda com o tom de voz alto.
- Eu? - perguntou a garota fingindo santidade.
- Se preferirem sair a força, pois bem, será a força. - disse o segurança, fazendo uma expressão satisfeita.
- Tudo bem, eu vou. Mas isto é injustiça! - falou fingindo inocência.
Lauren estava prestes a se levantar, mas Seunome a impediu.
- Não se preocupe comigo Lori, fique aqui e aproveite para dar uns "amassos" no Timzinho ali. - Seunome riu do próprio comentário, mas os dois pareceram não gostar muito - É brincadeira! - explicou.
Seunome passou pelas pessoas da fileira em que até agora estivera sentada. Estas a olhava com reprovação, mas... Quem disse que ela se importava? Pouco ligava para a opinião que os outros tinham dela. Apesar disso ser bom, quando em excesso, pode ser um incômodo.
Rupert a olhava com atenção. Que tipo de garota ela era? perguntava-se ele.
Ela já havia passado pelas pernas das pessoas mau-humoradas, e agora olhava para o ruivo, com os braços cruzados e o cenho franzido, como se perguntasse a ele - em silêncio - pelo o que ele esperava? O garoto finalmente percebeu quando saia de sua fileira, um pouco insatisfeito e constrangido pela situação, ao contrário de Seunome, que parecia bem familiarizada.
O guarda os acompanhou até a saída, deixando-os sem saber o que fazer após isso.
Os dois agora estavam sozinhos, olhando para diferentes pontos, porém pensando na mesma coisa. Para onde iriam e o que fariam?
- Vai a algum lugar? -perguntou Rupert, normalmente.
- Porque? Vai me seguir? - perguntou em um tom misterioso e cruel.
- Acabamos de nos conhecer, porque está sendo grossa comigo? - perguntou, inocente.
- Foi você quem começou - retrucou a menina, virando as costas para Rupert, que sorriu.
- Então não vai me dizer para onde vai? - perguntou o ruivo, ainda tentando ser legal.
- Não. Porque eu não sei para onde estou indo. - falou ela dando de ombros.
Rupert sorriu, comovido.
- Nesse caso, acho que vou com você. - disse decidido a seguir Seunome.
- E quem disse que eu quero a sua companhia? - falou cruzando os braços.
- Não precisa ser grossa, só estou fazendo um favor à você não te deixando sozinha. - sorriu, da defensiva.
- Ótimo, então se quer tanto me fazer um favor, fique longe de mim. - sorriu vitoriosa, esperando que o garoto desistisse da ideia, mas este sorriu, e seguia quando esta virou, ignorando-o.
- Você tem uma maneira muito estranha de mostrar que gosta de mim. - falou com as mãos no bolço, como se fizesse certo tipo de charme.
- Talvez porque eu realmente NÃO goste de você - sorriu divertida, ficando séria repentinamente.
- Ora, você mal me conhece! - falou levantando os braços, como se estivesse ofendido ou coisa parecida.
- Conheci o suficiente, querido. Agora, se me der licença, vou à um lugar. - e disparou na frente, despistando-o.
- É... Acho melhor desistir. - Rupert falou para si mesmo - É mais fácil começar um guerra. E parece ser muito mais divertido. - olhou por um tempo para Seunome, que ainda andava rápido, em seguida suspirou e voltou para o cinema, ficando na frente desse para esperar pelas garotas.

- Mas que cara... - bufou Seunome - Qual é o problema dele?
Andou até encontrar a loja que procurava. Entrou. Andava ao lado das prateleiras, tirando as pulseiras do gancho e as olhando uma à uma. Era um costume seu, e às vezes de Ed, comprar pulseiras naquela loja. Como já citei, ela possuiu várias pulseiras, cada qual com seu significado ligado a alguma situação. Já fazia um tempo que não comprava nenhuma, por isso resolveu compra no mínimo três.
Escolheu duas, perfeitas para usar naquele dia. Trocou todas as que usava pelas duas - depois de pagá-las, é claro - e saiu da loja sorridente, exibindo-se como se fosse a ganhadora da loteria. 
Olhou o horário no celular, achando que o filme já havia acabado, mas não havia se passado nem 30 minutos desde que entrara na loja.
- Que droga.
Ouviu sua barriga fazer ruídos, gritando de fome. Sim, deixara a pipoca e toda a comida com a Laura.
- É bom que ela esteja aproveitando a comida. - falou com raiva.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Babaquices da Lau-chan *O*

Oi Laura, sua londa *----* - Lorena
Oi, Lolena, sua feiosa *-----*- Laura
É você, Laula bobona *-----* - Lorena
Pafu-pafu *------* - Laura
Puni-Puni *-----* - Lorena
PUNI-PUNI! *0*- Laura
Pakkun :3333 - Lorena
wat- laura

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

I Hate you, but I Love too - Capítulo IV

Seunome olhou furiosa para Lauren, como se quisesse comprovar que aquilo continuaria se ela não trocasse de lugar. Lauren trocaria sim de lugar com ela, se não fosse tão orgulhosa e desagradável. Era raro vencer Seunome em alguma coisa. Tão raro quanto conseguir uma oportunidade para lhe dar uma lição. Não perderia essa chance, por mais que a sofredora considerasse o castigo não uma punição, e sim uma tortura.
- Lauren... Por favor...
- Já disse que não, Seunome. Não insista se não farei pior. - ameaçou.
- Isso é completamente injusto! - replicou a garota.
- Se você parar para pensar, não é, não. - voltou a prestar atenção no filme.
- Lauren! - chamoul-lhe a atenção para si, mas esta a ignorou - Lauren!
- Sshiiiiuu!! - fez alguém.
Lauren colocou a mão sobre a boca, para que risse discretamente. Seunome pareceu ainda menos contente com aquilo.
Uma ideia passou pela cabeça de Seunome. Talvez óbvia demais para ser pensada somente àquela altura. Ela poderia se sentar em um lugar vazio qualquer. Com o apoio das costas, arrastou-se para cima, procurando por uma melhor visão do cinema. Estava lotado. Ela deveria aceitar. Aquele, definitivamente, não era seu dia.
Para aqueles que se perguntam "Porque ela, simplesmente, vai embora?", espero que essa simples responta baste para responder à pergunta: Ela queri muito assistir aquele filme. Muito mesmo. Esperou por muito tempo para que pudesse assisti-lo e, pelo jeito, muitas outras pessoas também aguardavam.
Não havia outro jeito, ou ficava ali, ou ia embora e voltava outro dia. Valeria mesmo á pena perder seu dinheiro á toa, só por causa de um garoto infantil? Perguntava-se. Não. Não valia à pena. Ela era orgulhosa demais para perder a "batalha".
O garoto não se contentava com os chutes, também conversava com as garotas ao lado e ria animadamente; porém, por diversas vezes lhe chamaram a atenção pelas conversas e risos escandalosos. É claro que aquilo deixava Seunome satisfeita, e arrumava um jeito de mostrar isso ao garoto sempre que podia.
- O que está achando do filme, Seuapelido? - perguntou Lauren.
- Huuummm... - fez sem prestar atenção na amiga.
- Não está gostando? - replicou.
- Tom, está ouvindo alguma coisa? Acho que estou ficando louca... - fingiu estar confusa.
- Eeerr... Eu devo responder á pergunta? - perguntou o garoto, mas Seunome já voltara a prestar atenção no filme.
- Incrível como você consegue ser tão infantil. - comentou Lauren, indignada.
- Ainda estou ouvindo coisas. Não é possível. Será que estou, realmente, ficando louca?
Lauren bufou.
Seunome sorriu ao ver o que provocara na amiga, mas não teve tanto tempo para aproveitar o momento, pois recebera mais uma rajada de chutes. As garotas riam da exibição infantil que fazia a elas.
- Caramba, como cabe tanta infantilidade em uma pessoa só? - perguntou alto para si mesma,
- Me pergunto a mesma coisa... - provocou.
- Silêncio! - ordenou, alguém próximo.
Um outro chute.
- Já chega - falou entre os dentes.
Apertou seu copo com refrigerante, sentindo a raiva tomar conta de si. Virou-se rapidamente, encarando o garoto nos olhos. Seus olhos mortíferos, capazes de derreter, ou até mesmo matar, de tamanha frieza contida em seu brilho. O copo foi lançado, chocando-se com o peito do ruivo, que, indignado, levantou-se do assento repentinamente e rapidamente. Mas ele não teve a oportunidade de fazer nada contra Seunome, pois fora interrompido por uma forte luz apontada para seu rosto.